quinta-feira, 5 de junho de 2008

Espreita


Posso flutuar ao relento na intempérie
E mergulhar profundamente no teu ser
Afogar-te entre flores aquáticas sortidas
E resgatar-te entre cavalos-marinhos
Inflamar-te, navegando em tua maresia
E reter-me como alga em tua pele
Ostentar-te num coral de pérolas marfim
E colher-te estrelas-do-mar faíscantes
Arranhar-te, feito escama de sereia
E enfeitiçar-te com meu preciso canto
Devorar-te, como uma onda prodigiosa
E proteger-te nas minhas profundezas
Lançar-te ferozmente à areia
E amar-te caudalosamente sobre ela
Saborear-te gota a gota,te sorvendo
E ofertar-te meu gosto oceânico
Submergir-te num íngremo maremoto
E repousar-te como uma gaivota
Na amplidão do meu horizonte anil
Posso ainda, ancorar-te no meu oceano
Ou esvair-me feito água,pelo teus dedos.

(Cris de Souza)

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