sentamo-nos no inverno do amor.
prometemo-nos anis
mas acabamos por beber a água da ilusão
como a bala que rasga
de fora para dentro
farejando os músculos
que ensinam as coisas essenciais
e os lugares onde os deuses adormecem.
nenhum corpo aquece
a tempestade dos ossos
e os pés dobram-se na estrada
lavada pela chuva dos sonhos.
em nosso redor,
zumbidos inchados,
flores-de-lótus na candeia
luz empedernida
pondras sem água:
eis a tela dos abismos
numa floresta vazia de quartzo.
sentamo-nos no interno do amor.
prometemo-nos cantis
mas acabamos por beber a água da incisão
como a veia que rasga
de dentro pra fora
forjando os crepúsculos
que exprimem as coisas emocionais
e os lugares onde os deuses anoitecem.
nenhum cloro aquece
a toxidade dos ossos
e as mãos deixam-se na estrada
levada pela luva dos sonhos
em nosso redor,
zunidos infaustos
folhas de limo na caldeia
luz entorpecida
plantas sem água:
eis a terra dos abismos
numa floresta vasta de cactos.
(Cris de Souza & Jorge Pimenta)
(Nightwish, the plantom of the opera)
29 comentários:
a tragicidade embalada pela música de soprano, tenor e barítono, quiçá um coral, terra devastada de seres saltitantes,
beijo e abraço
querida cris,
este é mesmo o nosso sétimo dueto. como a ópera, afinal: a peça é uma só e a mesma, mas assume diferentes interpretações tornando cada uma delas única na vasta pluralidade.
é um privilégio compor contigo.
beijos de lira em recomposição!
querida amiga,
já vi cá ontem, mas uma chuva ácida corroeu os últimos comentários dos blogues. não porque seja teimoso, mas porque tenho mesmo de to dizer, aqui regresso: cada texto contigo é um desafio comparável ao que se vive na ópera - é que, como nela, as peças podem ter infinitas interpretações, mas cada uma acaba por se tornar única na sua especificidade plural.
um beijinho!
Essa dupla é afinadíssima!!! :-)
amei...
Bjos,
Tania
Ainda bem que não restou apenas o Fantasma da Ópera! rs Pois repito o que disse lá no blog do Jorge:
De dentro para fora, literalmente visceral, os versos rasgam a pele e afloram como espinhos, sem perder seu compasso, seu ritmo de tempestades de ossos em florestas de quartzo.
Cris e Jorge dão um show mais uma vez, compondo juntos.
Grande beijo, Cris!
Ao Jorge, meu abraço e admiração.
Ah! Esses duetos nas mãos de vcs dois, é coisa de rara beleza!
Lindeza de encantamento!
Beijo aos dois! :)) Amei!
Vim conhecer-te tb e não queria mais ir embora... Fui ficando e viajando em Trem da Lira! Lindo! Bjs1 Luz e Paz!
"prometemo-nos anis
mas acabamos por beber a água da ilusão"
E não é sempre assim? Ótimo!
bjos
Duplamente bom.
Parabéns aos dois.
Cris, tem um bom fim de semana.
Beijos.
Já tinha degustado o poema dos dois no blogue do Jorge, vim até aqui e descendo no seu espaço, com a Poesia que aqui li, saio mais rica!
Parabéns e Bjs dos Alpes
Poema líquido por excelência, não obstante menCIOnar ossos e ócio de floresta de cactos.
Senti gotículas nas faces, talvez emplastros para atenuar alguma dor deslocada do músculo-mor.
Parabéns duráveis, Crisálida.
Salve, Jorge.
jorge,
meu parceirasso! compor contigo é um gosto incomparável, sabes desse sabor.
sobre a chuva ácida: lamento que tenha levado os comentários e o poema, tive que republicar.
aos amigos queridos,
beijos solares(nos que aqui estão e naqueles que a tal chuva levou)
agradeço a presença de todos viajantes!
A água da ilusão é inesgotável...
Aplaudo-os.
Beijo, Cris!
Para espantar qualquer mazela de uma sexta-feira 13!
Parabéns à dupla. Muito bom, mesmo. Dá aquela sensação de ser tão pequenina quando vos leio..
Beijinho
Sem tempo para andar por blogs, como fazia, com o maior gosto, dentre os amigos que mais admiro... passo para apreciar como teu espaço vira cada vez mais árvore frondosa, frutífera, floril...
Deixo-te um beijo, e desejos de muita inspiração, sempre.
Teu trabalho é de muita qualidade, teu espaço, muito bonito.
E muito afiada tua sensibilidade.
Que dupla!
Fico boba de ver como vocês estão cada vez mais afinados!
Parabéns, menina, que Deus conserve esse dom :)
Tenha uma linda semana.
Beijosssss
Cid@
* Gostei muito da sua foto do perfil ;-)
Cadê o meu comentário?
O gato comeu...
bjs
Rossana
já não há início e fim
entre as mãos e as almas
...
Cris e Jorge, o título me pescou, afinal ópera - obra, é que me faz viva no canteiro de obras muito pessoal, e com isso, vejo-me sentada no inverno do amor, que me é acolhedor, estação de intensidade e proximidade, e encontro do outro em minha face interior - espelhos. Mas, vamos ao escrito!
Sempre que leio o dueto, sinto o líquido correr na minha veia, e o que se encontrava adormecido já não mais faz morada. A palavra prometer é tão forte, e caio em constante guerra, pois não há perpetuação da promessa, por um simples desvio de meu olhar às banalidades, que por sinal, a famosa bebida - água da ilusão - miragens? Sim! Que rasgam os meus órgãos; a bala da permissão - e não ser humilde em dizer que há cegueira reinando. Reconhecer-se é primordial, mas duro adentrar a este olhar, pois há constatação de músculos no estado podre e essencial inexistente. Hoje, aprecio deuses, mas a permanência de um apenas, com regência do meu olhar, para que eu possa vivenciar experiência única e precisa para agir com humanidade e dignamente a meu próximo. A minha cabeça submete-se o entendimento do que é corpo aquecido – individual qual corpo aquece? - relações. E dos meus pés à busca, ante a tempestade nos ossos, pelas chuvas a banhar-me, e à compreensão dos fatos, que através do adiante os sonhos se fazem reais - plantação ardia, e gotas de sangue regando as sementes. De dentro para fora, o meu cálice anuncia que o interno anda gelado - o amor que se exprime no emocional, está às traças, e coisas racionais faz com que deuses amanheçam, levando-me rente à floresta densa, e mesmo que os cactos deem flores de cores vivas, o que me reduz são os espinhos, com zunidos retratando minha alma uma planta sem água - só sei que estou com sede de encontro. Não! De reencontro, o caminho da dupla honra, sem a luz entorpecida.
Abraço e paz
Priscila Cáliga
A forma de, se forma assim.
Laços envoltos nas esperanças e abismos ultrapassados por insistência dos corpos.
No crepúsculo se ausculta e o som enobrece a quem o faz.
A ópera continua.
Abraços a dupla.
Minha querida
Já tinha passado no Jorge...mas não me canso de sentir este poema...duas almas e quatro mãos em perfeita sintonia.
Nunca deixem de o fazer para delicia dos sentidos.
Beijinho com carinho
Sonhadora
eu tinha um comentário aqui e o blogger comeu as minhas palavras, mas continuo aparvalhado com a intensidade desta Ópera,
beijo Cris
abraço Jorge
Encantador, enchi meus olhos agora.
Sinto felicidade ao te encontrar, me deparar com esse espaço. Parabéns, aos dois.
Um beijo, Cris.
Está lindo o seu blogue! Cheio de brilho.
:-) beijinho
p.s. magníficas vozes juntas
Cris de Deus.
Que texto maravilhoso, versado...
Sem palavras, é por isso que falo é preciso que as pessoas conheçam a poesia e propague isso.
Beijo.
Fé Fraga.
http://mefaltaumpedacoteu.blogspot.com
Olá, Cris
li e reli esta Ópera e me veio o encontro de dois mundos, duas terras distantes separadas por um oceano cada uma com suas características e a assim juntas e sublimes
bela, belo,você e o Jorge
beijos, querida e linda moça
Uauuuuuuuuuu! Adorei, Dupla GENIAL!
BeijosMariluz*
Maravilha de poema. O dueto está afinadíssimo.
Abraços
PAZ e LUZ
Postar um comentário