sexta-feira, 6 de junho de 2008

O flautista


Era de uma consternação sonora, de um frívolo melódico.
Ele movia-se eremítico, desmigalhado, progredia ríspido pela várzea da dor, ante a ruína do teu ser. Mutilava-se entre profundas notas, oriundas de sons corrosivos, que outrora, ilustraram-no. Aniquilava a cerração e com sua flauta, lacrimejava ébano entre folhas escabrosas, pés ao barro, alma enxovalhada, em cadência assombrosa. Naquele pranto, sob sua melancolia, silenciavam-se seus crisálidos sonhos. Pernoitou até que a lua dissipasse sua luz.
(E bem no íntimo dos teus olhos, migalhas de vida entoavam...)

(Cris de Souza)

Nenhum comentário: