terça-feira, 24 de junho de 2008

Sempre foi assim


Pelos ecos insanos dos vales de outono,
Temporais trepidam o solo e fecundam vozes
Pelas esquinas intentas e atentas aos gritos do oceano
Águas degélidas avançam incontinentes
Por continentes, ilhas, dunas e areias urbanas
Clamando a volta de seus rebentos arrebentados
Sob casulos das ondas, lagartas incautas perfuram o solo
Parindo borboletas sobre poças de selva, sal e pedra
Que alçam vôos atraidas pelos lúmens noturnos,
Vazam nas frestas das festas profanas dos hilos,
Desvirginam-se, penetrando raizes no leito quente de argila
Dunas desmancham-se em plumas propiciando refresco
De branda espuma, no outrora tíbio e rude, céu de órbita sobre-humana
Ferindo com os pés a pele agreste do chão da estrada
Deixando rastros, que do Cosmos, os astros nortearão descaminhos
Pelas curvas da terra, estrelas estimulam prece que estremece
Esferas de bênçãos em pétalas de seivas encobertas
Aqui viver é sagrado, toda pedra é alimento, toda água é benta
Toda planta olha, afaga e desvenda os desejos do solo no cio para o plantio
Tudo que solicita fecundar, fecundará e brotará, porque deve ser e será
Sorvendo sumos, néctar e leite, dos veios, das flores e dos seios
Aqui todo silêncio é mais que falado, todo plural é singular,
Toda chuva é poejo, faz no ébano flor vingar
O perdido abençoado, o ardido é adocicado
Além das contas, o sol apronta e permanece
Além dos vales, arco-íris de risos floresce
(Cris de Souza & Dionisio Ono)

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