quinta-feira, 29 de julho de 2010

Dobra(dura)

(Wassily Kandinsky)


era ali
entre o rosto e o mito
que escrevia as suas cartas
com velas nos pulsos
por onde escorria
a seiva negra da solidão

o amor roubou-lhe o alfabeto
e a mão apodreceu
sobre o tecido por terminar

era ali
entre o posto e o dito
que envelhecia as suas cartas
com celas nos punhos
por onde estarrecia
a soma negra da solidão

o amor roubou-lhe o amuleto
e o chão anoiteceu
sobre o terreno por trovejar

(Cris de Souza & Jorge Pimenta)

32 comentários:

Jorge Pimenta disse...

sincronismo! na mesma data e à hora combinada. :)
um beijinho!

Jorge Pimenta disse...

este é o segundo exercíco que experimentamos a du(r)as penas, assim como que uma espécie de dobra(dura) que se revelou mais espontânea e natural, inclusive, que a anterior. mas, mais importante que isso ou que o seu resultado é o prazer de cruzar as mãos sobre o oceano num encontro de tinta!
um beijinho!

P L disse...

Cris, minha querida! Saudades de seus escritos!

ADOREI o dueto!
Fizeram um belo trabalho!
Parabéns aos dois!

Beijos,
Patrícia Lara

Cris de Souza disse...

Meu parceiro,

Escrever contigo é um prazer infindo!
A impressão é que nossas vozes tem o mesmo fundo musical.
E tudo flui magicamente...

Beijos cris(tais), amado-amigo.

Unknown disse...

Impecável!

Pudera, dois poetas de primeira grandeza...

Beijos na dupla estrelar.

Unknown disse...

" E por destino a minha carta musicou... "

Brasil Desnudo disse...

Lindo texto Cris!!
A apresentação do seu comentário excelente, bem como, o Blog...
Meus parabéns...

Marcio RJ

Anônimo disse...

Entremeios do amor, entreofícios de se apaixonar e de se deixar partir, despedaçar.

Demais vcs, parabéns!

Beijos.

Sândrio cândido. disse...

Cada poeta tem sua propria escrita , porem desta vez me fizeste lembrar joão cabral de melo neto,com sua escrita de pedra e com o amor que come, come tudo, até as palavras...criss, você me fez rever o caminho que tracei até a minha solidão e eu não minto, sou solitario, e amo ser possuido pela solidão. A mesma que toma os misticos, os poetas, os monges e o amor é a sombra da solidão, ele é quem tece o estranho véu que nos cobre com o amargo sabor do tempo perdido.

parabens e saudações.
de seu poeta.

AC disse...

Fizeram um belo trabalho, sem dúvida!
Parabéns aos dois.

Unknown disse...

simplesmente muito belo

Anônimo disse...

Una
Aceite a noite.

Belíssimo poema!
Parabéns e abraços!

Alexandre da Fonseca disse...

BOA NOITE!! LINDO BLOG, SUCESSO E MUITA PAZ...BJS

Márcia de Albuquerque Alves disse...

Muito belo o texto. Muito bonito o tratalho dos poetas. bjs

Andrea de Godoy Neto disse...

Cris, como já disse ao Jorge, esse encontro de vocês é puro encanto. Sou completamente apaixonada pelos versos dos dois. Assim juntos, então, é êxtase.

beijos

Paulo Rogério disse...

Forte encontro! Perfume de distâncias!

A.S. disse...

Cris...

Belissimo poema!
No mundo das sombras, basta um rasgão de luz para que o sol renasça...

BeijOOO
AL

Unknown disse...

vim aplaudir aqui a conjunção poética,


beijos

Má Salvatori disse...

Oi, Cris!

Encontrei você no viagens de luz e sombra...

Encantada com tão belo poema...

Um dueto que ultrapassa as linhas do horizonte...

Maravilhoso final de semana!

Um beijo

Juan Moravagine Carneiro disse...

Encontro que proporcionou algo perto da arte da perfeição...

abraço e agradecido pels visits ao Rembrandt

Domingos Barroso disse...

Satisfaço-me além da essência
em compartilhar dessas
âncoras entrelaçadas ao mar.

Versos gêmeos em mãos estiradas
ou versos que se completam
em almas diversas.

Não sei bem onde se começa
o limiar da verdade poética.
Mas sinto nesses versos.

Aos dois embriagadores de almas: abraços e admiração.

Batom e poesias disse...

Comentei lá no Jorge, mas não posso deixar de passar para dizer que isso aqui tá bom demais.

bjca
Rossana

Rico Salles disse...

Poesias incomparáveis as que leio aqui, às vezes tenho vontade de parar de escrever, rs. Bj!

O Neto do Herculano disse...

Fortes e belas imagens:
velas nos pulsos,
seiva negra da solidão,
o amor ladrão de alfabeto,
mão que apodrece,
chão que anoitece.

Ribeiro Pedreira disse...

era ali que o suor se misturava à lágrima.

Fé Fraga disse...

Muito bom:

"o amor roubou-lhe o amuleto
e o chão anoiteceu
sobre o terreno por trovejar".

Que não deixemos em "dobra(dura)" nem papéis, cartas e nem o amor.
Abraço,
Fé.

Patrícia Gonçalves disse...

Lindo esse escrever, mão que atravessa o oceano para passar a palavra. Parabéns aos dois, o poema ficou lindo!

beijão Cris e Jorge!

Unknown disse...

Esses versos lembrou-me um poema de João Cabral que diz assim no seu início e é extremamente lindo:
"O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome."

Muito lindo.

beijossssssssss

nydia bonetti disse...

Acabei de ler no blog do Jorge, Cris. Ficou lindo. Mas acabei fazendo outra leitura aqui, depois de ler o comentário do Sandro. Acho que a solidão é mesmo escolha voluntária e como o amor, também nos rouba a voz e a sorte. Bom ler vocês. beijo.

Anônimo disse...

..com certeza suas vozes tem o mesmo fundo musical.. e dos bons!
Amei teu Blog!
parabéns!

Valéria lima disse...

Oi Cris,

Poesia sempre da melhor qualidade. Adoro esse trem...rs

BeijooO*

aluisio martinns disse...

"o amor roubou-lhe o alfabeto"
uma das formas mais belas que já li sobre a grandeza do nos cala, inexprimível...
parabéns
abs