quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Ossada

(Gustav Klimt)


ainda amarga o gole
vertendo nas crostas
teores fartos
(parecem-me pétreos)

ainda alarga o golpe
varando nas costas
tumores fátuos
(parecem-me perpétuos)

sobra-me a estranheza
pungindo as linhas do vão
diante tantas rugas

sobra-me a estreiteza
punindo as vinhas da visão
diante tantas fugas

(Cris de Souza)

29 comentários:

Anônimo disse...

Fuga para o infinito
Em sí maldito?

Gostei demais.
Abraços e fique bem!

Patrícia Gonçalves disse...

gosto desses versos secos.

bjs

Unknown disse...

Tu és bruxa ou maga...
Nas tuas mãos, qualquer ossada vira cristal.

Beijos encantados.

Unknown disse...

“ Fez das tripas a primeira lira, que animou todos os sons... “

Francisco de Sousa Vieira Filho disse...

Musical, prenhe de imagens tétricas, soturnas... belo! Seu espaço cá é arte ele todo: plano de fundo, letras do título, imagem casando com poesia... sempre bom vir cá ;)

flaviopettinichiarte disse...

como sempre a faca desgarrando o gestual da noite ..quase sem desangrar..quase sem temor de matar a essencia sem dor..só poesia!

Machado de Carlos disse...

No fim do horizonte existe alguém. Vejo este alguém através das letras. A alma está no etéreo.

Marcantonio disse...

Imagens bem densas. Aprecio muito esse paralelismo rítmico que você cria, repetindo estruturas, e explorando até analogias nas rimas internas. Faz o poema uno, justo, sóbrio e contundente. Muito bom.

Beijo.

Lou Vilela disse...

Belo e contundente!

Abraços, minha cara.

Valéria lima disse...

Ouvi dizer uma vez que cada um sente um texto conforme a sua necessidade e o seu momento. Na realidade não sei explicar esse meu momento... Só sei te dizer que senti cada palavra dentro de mim e que tais palavras ecoam num sentimento sem sentido. Confusa, talvez perdida, mas feliz por estar viva e por saber ainda ser capaz de sentir.

BeijooO*

Unknown disse...

pétreos, perpétuos, pungindo, punindo

beijo

Márcia de Albuquerque Alves disse...

Bela Poesia Cris, e linda escolha de Gustav Klimt.
Amo as telas dele, inclusive 'O Beijo'.

Perfeito,
bjs

Anônimo disse...

A sua personalidade poética me move, seu jogo de palavras é sempre riquíssimo, poetisa.

Quero te agradecer pelo comentário no meu blog e no blog do Marcelo sobre a minha entrevista. Fico feliz que tenha lido, obrigada pela força de sempre, viu?

Beijos!

Úrsula Avner disse...

Oi minha linda,

cada vez que " te leio" mais me encanto com seu estilo poético apurado, impecável e sua sensibilidade tocante... Belo poema ! Bjs,

Úrsula

Lídia Borges disse...

Muito cuidada a procura da palavra certa para o lugar certo o que resulta numa escrita plena de conteúdo.

L.B.

Jorge Pimenta disse...

este texto parte das ossadas do corpo para a evasão inteira do ser - verdadeira odisseia existencial. há imagens escuras que apontam à luz de uma redenção pós-apocalíptica.
um beijo, maquinista do mais belo trem da blogosfera!

Paulo Jorge Dumaresq disse...

Poema tatuado de eterno.
Junta-se à sua lavra riquíssima.
Bjs, poetisa.

Léo Santos disse...

Lindo! Parabéns por tudo que dizes nas quatorze linhas desse soneto de versos perfeitos.

Um abraço!

Domingos Barroso disse...

Cris, tu tens uma afinidade
com as palavras...
Ao te ler,
percebo a magia das sílabas
em uma alma sensível:
a tua.

Carinhoso beijo.

Paulo Vitor Cruz, ele mesmo disse...

sobra-me tbm a certeza de q vc faz uma falta tremenda, chica.. apareça p teclar!

besitos.

Ribeiro Pedreira disse...

osteoversos compondo o corpo poético.
bjs!

Juan Moravagine Carneiro disse...

Maravilhosos versos, belíssima imagem...

parabéns

abraço

Al Reiffer disse...

Fantástico, Chris, o paralelismo de sons com o jogo de significados é algo louvável. Parabéns!

A.S. disse...

Na geometria do traço de Klimt, a poesia perfumada na sombra da palavra!

BeijOOO
AL

Sândrio cândido. disse...

muitas vezes, o que passou demora se a esquecer, como a imagem da ossada, o resto do que foi um corpo, a nos atormentar a lembrança. a nos fazer sentir que somos enfim a saudade do que fomos.

Paulo Rogério disse...

O exício de uma paixão sem o intervalo necessário para a saudade torna-se um sofrimento dantesco...
Beijo!

leila saads disse...

Nossa você consegue escolher as imagens exatas pras palavras.

Má Salvatori disse...

Oi, Cris querida!
Amiga, ando sumidinha por conta de viagens a trabalho... mas logo voltarei!

Passei para desejar uma semana recheada de coisas boas!

Um beijo grande!

Tatá R. da S. disse...

Deslumbro-me.
Sempre aqui.
Sinto sua falta.
Tempos que não apareço, eu sei.
Espero que não esteja chateada comigo.
Beijos, amo-te.