sábado, 25 de setembro de 2010

Cadafalso

(Amanda Cass)


adormecia
seus pés          

descalços
de harmonia    

pendurava
a disritmia         

em suas vias
sem mão   
 
anoitecia
seus pés              

encalços
de histeria     

perdurava
o desequilíbrio   

em seus dias
sem chão       

(Cris de Souza)

30 comentários:

Francisco de Sousa Vieira Filho disse...

Ritmado e musical como soi Belíssimo Cris! ;)

Marcantonio disse...

Incrível como a partir de uma estrutura simétrica se pode sugerir a instabilidade. Só com essas peças de encaixe multifacetadas,as palavras, se pode fazer isso. Com uma mudança de de palavra, a paisagem (ou o retrato) do quebra-cabeça se reajusta em tons e matizes. Seus poemas são como um ditado rítmico proposto pela esfinge.

Constante prazer de ler.

Beijo.

Domingos Barroso disse...

As sílabas etéreas
confundem-se com o vento
(dos fonemas) que encaixa
o poema todo em único som.

Carinhoso beijo.

João A. Quadrado disse...

[busco uma palavra... a que encontro: harmonia]

um imenso abraço, Cris

Leonardo B.

Unknown disse...

Você faz malabarismo com as palavras, remexendo todos os sentidos intrínsecos.

Vai escrever bem assim, lá no espírito santo...

Amo-te, danada!

Mariana D. disse...

Adorei.

Unknown disse...

" Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
- dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou."

(Adélia Prado)

* Isso é a sua cara!

Anônimo disse...

Quem não fica assim, que seja um diazinho...

Perfeito, doce, e com sua marca forte irresistível!

Beijo.

Úrsula Avner disse...

Lindos versos minha querida e como disse a Lara, com sua marca registrada. Bj com carinho.

Márcia de Albuquerque Alves disse...

Tem dias que me sinto assim, procurando o chão.
Lindo verso, bela imagem!

líria porto disse...

para retribuir a visita a meu blog e dizer da linda surpresa deste teu poema!
besos

afonso rocha disse...

És muito prendada!!!!
1º porque o teu blogue tem a leveza duma nuvem...soprada pelo vento Sul...sempre à procura do Norte...das palavras boas...sinceras...
2º porque o nome Trem da Lira...transmite paz e harmonia...algo quase místico...

Gostei muito deste teu jogo de palavras...do sentido pleno...
de que somos todos marionetas de qualquer coisa...
Boa escolha da ilustração...

Dá uma vista de olhos no meu poema marionetas e vê o video...se assim o entenderes...
Começa assim:

Ficaram ambos suspensos pelas palavras
como marionetas...

http://orespirardopensamento.blogspot.com/2010/06/marionetas-video-de-cdecubaorg.html

Beijo Cris...e uma semana em tons de azul...

Zélia Guardiano disse...

Lindo, lindo, Cris!
Demais!
Beijo, querida...

Lídia Borges disse...

Um dizer melódico e muito harmonioso.

L.B.

Machado de Carlos disse...

Na chegada o personagem beijou seus pés de ouro. Você ria, não era um riso comum, era um riso esplêndido e nem parecia que você sentia cócegas nos pés!
Lindos pés descalços mostrando uma harmonia interplanetária!
Enquanto eu pendurava os pertences íntimos, já podia sentir-lhe no órgão muscular, uma crise inédita de disritmia.
Era uma viajem, cuja via podia ser dirigida com uma só mão em cima do coração, tentando amortecer os movimentos acelerados, tal como um lenitivo fármaco.
Anoitecia!... E eu já estava junto aos seus pés com uma doçura; um carinho para amortecer o peso em cima dos seus pés de anjo.
Vi naquele sorriso, os encalços de uma saudade, agora, livre da histeria de sempre.
Ao lado direito da porta vi quando você, docemente pendurava suas vestes, envolvendo-me num desequilíbrio intenso!...
Em seus dias, agora sem nenhum chão, estávamos entre as nuvens, envolvendo-nos em meteoros de neons sem parar no espaço.

A poesia nos transformou novos seres. A poesia foi lapidada profundamente e chegou ao ponto de não ter pontos, vírgulas, reticências, exclamações. No final ficou apenas um ponto de interrogação.

Beijos!...

Cida disse...

Às vezes eu me sinto assim...
Sem tirar nem por!...:)

Obrigada pelo carinho que deixaste por lá amiga.
Passo por aqui, mas sempre tão no corridinho, que nem dá prá deixar um comentário.
Hoje me permiti parar prá te deixar um beijo grande.

Paz e Bem prá você, nessa semana que se inicia.

Cid@

artelivre disse...

desculpas...eu usei muitos alucinogenos!!!

Canteiro Pessoal disse...

É ave rara Cris, quando se poderia apenas ser silencioso, deixamo-nos
aqui para morrer, assim com o pincel do renascimento ante a mesa em partilhar histórias como envio cantando a música da forma como se encontra em madrugadas a dentro.

Abraços

Priscila Cáliga

Jorge Pimenta disse...

cris,
o hemisfério das perdas sucessivas, onde as flores são as pontas das unhas que se mascaram com verniz, ou apenas o advento do outono? ao som das tuas palavras, deixo-me embalar na canção da melancolia... e nesta corrente de sal desprendem-se as cartilagens outrora coladas aos dedos...
um beijinho, doce amiga!

AC disse...

Mais uma vez acedo ao convite que encima a caixa de comentários e... lá vai divagação.

Por onde anda a harmonia
Q' há muito não lhe ponho a mão?
Porque rotulam de histeria
O não trazer os pés no chão?
Deixem lá, é disritmia
Disse o médico, olhando os pés
Que derivou para histeria
Por olhar de lés a lés.

Cris, espero que me desculpe a divagação sem nexo.

Beijo :)

Anônimo disse...

Parece letra de musica...!!!
LIndooooooooooooo!
bjossssss

Pólen Radioativo disse...

Linda, continuo pendurada sobre o Cadafalso desde a primeira vez que o li.

O chão que por vezes me foge dos pés, encontrou aqui o ritmo para que a fuga seja mais lírica.

Sentindo aqui a disritmia, viu!

beijos e cheiros

Unknown disse...

essa é literalmente a palavra sem chão,


beijo

byTONHO disse...



C D F LSO

.A
...A
......Amei!

:)

Paulo Jorge Dumaresq disse...

Voar é o último alento para os do cadafalso.
Belas imagens poéticas.
Estupendo.
Bjks.

Valéria lima disse...

Sem chão, às vezes ficamos. Mas a vida não esquece da gente, não!

BeijooO*

JB disse...

Por vezes, sentimos no chão o bater do coração ainda que o desquilíbrio se faça sentir bem dentro do alma. E bastaria o tocar de uma mão para a harmonia regressar e no céu sentir o sonho chegar em equinócio para celebrar.

Linda imagem!
Beijinhos

A.S. disse...

Cris...

A tua bela poética é inconfundivel!... Adorei!


BjO´ss
AL

Anônimo disse...

Cris, senti como um poema na ponta dos pés, "sem chão".

{Você trabalha impecavelmente as palavras exatas, enxutas e exímias!}

vieira calado disse...

Minha 1ª visita.

Achei o seu blog interessante e variado.

Bom resto de fim de semana.

Saudações poéticas.