(Salvador Dali)
na antagonia
das horas
impróprias
tangia o ponteiro
polidamente
na borda
na anatomia
das horas
inóspitas
torcia o pescoço
pontualmente
na corda
em meio ao pó
marcava os olhos
no contratempo
em meio ao nó
moldava os ossos
no contrasenso
(Cris de Souza)
21 comentários:
Uma espécie de relógio anatómico, ou a anatomia (des)compassada...
No corpo (e na mente) vemos o passar do tempo.
Beijo :)
Que lindo, Cris!
Um pulsar interessantíssimo!
Adorei, amiga!
Beijo.
E eu enlouqueço
(santíssima loucura)
sempre que te ouço
...
Elixir duradouro
(além da própria substância)
nas pontas das palavras.
Carinhoso beijo.
O tempo ressoa, tímbalo ressine, leva eleva e faz ruir...
De sentir nos ossos o contrasenso de ser mortal...
Pra alma o tempo parece não fazer sentido algum...
Não cogitamos o fim do nosso, ao nascer de cada dia...
O tempo não faz sentido pra alma, pois que ela imortal...
Belo e instigante... Tranliterações muito musicais sempre marcam teu estilo... venho pra beber poesia que é música...
Bjão, Cris! ;)
Oi querida Cris,
belo texto lírico num fluir poético admirável como sempre... Dali em seus poemas completa a riqueza da obra. Bj com carinho.
Cris
Enquanto a[corda]... o corpo segue no tic-tac das horas!
Belo vai e vem de palavras, literalmente um poema pendular!
Bjs, amiga
no tiquetaquear do verso, senti o corpo viajando pelo lado de fora do tempo, num litoral sem mar onde todas as coisas são possíveis.
um abraço, cris amiga!
Sigamos, pois, o contratempo no contrasenso.
Bela construção, minha cara!
Beijos
"na anatomia
das horas
inóspitas
torcia o pescoço
pontualmente
na corda"
O tempo... Abraçando-nos feito corda em volta do pescoço... abraço que por vezes nos sufoca... quem dera o tempo fosse mesmo uma mera convenção humana, não é mesmo Cris?
Quanto mais te leio, mais "presa" fico em teus versos, linda!!!!
Beijo Grande!
Num tempo sem tempo o verso marca o ritmo do pulsar do corpo, no tic tac dos enleios a que a sua poesia nos submete.
Perco-me neste tempo da poesia escrita em ponteiros de tinta lírica!
Beijinho
"na anatomia
das horas
inóspitas
torcia o pescoço
pontualmente
na corda"
Se vc continuar se superando sempre, uma hora eu não vou aguentar, mergulharei de vez dentro da sua poesia? (E não é o que já faço? rs.) Queria viver só disso, ah...
Beijo.
polido o verbo na mesura do verso,
beijo
↓
No TIC-TAC um TIC-TOCante...
L.............á e Cá!
:)
A persistência do tempo na memória das palavras.
Vemos os signos corporais da passagem do tempo como contrasensos em relação à permanência dos nossos desejos. O corpo é um calendário, a alma um viajante sem bússola que se sente ludibriado pelos espelhos naturais.
Beijo, Cris.
As horas são antagônicas mesmo; basta olhar para o relógio. Ele insiste com o som cuco que nos atordoam.
Ao passar dos tempos começamos a fugir dos espelhos, das máquinas fotográficas, que insistem em nos mostrar realidades.
Na filosofia (começo, meio e fim) a nossa preocupação é justamente com o fim. Assim que o ponteiro chega às doze badaladas, seria um bálsamo colocar um breque no ponteiro.
Minha linda poetiza.
Ler seus poemas é estimulante e envolvente e, é claro, terei que voltar para não perder mais nada.
A vida é quem tange os ponteiros e nós torcemos o pescoço pontualmente na corda...
Gostei demais. Um jeito de dizer as coisas fascinante e todo próprio. Parabéns.
Beijokas.
Seguindo...
Que viagem!
Em qualquer tempo, sua lira badala por dentro.
Amo todos seus gingados.
Beijos, predileta.
(Saudade)
A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando de vê, já é sexta-feira!
Quando se vê, já é natal...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê passaram 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado...
Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas...
Seguraria o amor que está a minha frente e diria que eu o amo...
E tem mais: não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo.
Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz.
A única falta que terá será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará.
(O tempo/Quintana)
Ficou tão lindo e sonoro esse poema, amiga!
E por falar em relógios, acho que o meu anda descompassado... os ponteiros andam a girar acelerados...:))
Te cuida!
Beijinhos de Luz
Cid@
Perfeito os teus versos!
As horas passaram e o suicídio aconteceu.
Foi o que eu entendi...rs
BeijooO*
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