quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Não há verso

(salvador dali)



não há verso
que contente

(tempo
anônimo)

no engasgo
saliente:

o aperto
custa
heterônimo

não há verso
que comente

(tempo
antônimo)

no estrago
silente:

o acerto
busca
homônimo


(Cris de Souza)

20 comentários:

Gustavo disse...

Sensacional, Cris! Meu aplauso empolgado!

Beijos!

Jorge Pimenta disse...

querida amiga,
se há verso que contente é o teu. poucos poetas conjugam uma imagética forte (onde os sentidos se desprendem de referentes e se agarram às sombras que pululam em torno das palavras, disfarçadamente, quase displicentemente) com um plano rítmico tão seguro, oferecendo-nos verdadeiras alegorias fónico-semânticas; congratulo-me por poder viajar neste trem a todo o instante!
bravo!
p.s. não conhecia este dali...

alma disse...

E ao ler-te viajamos numa sensação leve e profunda.

bj

Dario B. disse...

Mais que homonimo, cumplice, eu acho. Um beijo.

Unknown disse...

Confesso que não entendi a essência de não haver versos.
Há versos. rs...
Beijos

Unknown disse...

procurei alguma sinonímia para o belo, não há verso


beijo

Fé Fraga disse...

Uma verdadeira prumo, de versos, reversos de mim.
Cris,
Perfeito!
Um beijo,
Fé.
http://mefaltaumpedacoteu.blogspot.com

Moisés de Carvalho disse...

A Poesia Nasce Até Na Peleja do Verso.

Amei !

Um Beijo !

Eder disse...

É. Há versos... E versos tão profundos, capazes de mudar até a semântica dos dizeres.
Maravilha!

Marcantonio disse...

Fascinante! E o comentário do Jorge me parece perfeito. Por trás da bela estrutura sonora, e da repetição das construções sintáticas,as palavras substituídas geram tensão e movimento de sentido, e o leitor (eu, pelo menos) não acredita que aquela mudança ocorreu apenas por semelhança sonora, e entrega-se ao jogo de decifrar esses sentidos plurais, cambiáveis, como os que você provoca aqui: igualdade e diferença, alteridade e identidade, verso e reverso.
A sua poesia é toda essa dialética entre semelhança e diferençiação, entre a estrutura e a parte.

Bom demais.

(Desculpe a expressão "intelectualóide" do meu entusiasmo. Fazer o que se não encontro outra forma?).

Beijo.

vieira calado disse...

Uma viagem poética

pelas similaridades

sons

e ritmo!

Beijocasss

Anônimo disse...

Cris,

sempre um enorme prazer em ler...

falas pouco e dizes muito

em suspense fica a interpretação intima de quem lê

"Não há verso" é como o habitat natural dos poetas

beijo

Anônimo disse...

Minha Flor linda! :)

Saudade estava eu, de embarcar nesse Trem delicioso... rs

Adoro seu canto! A forma com que vc trata as palavras, levando delas o que vc quer de melhor, é tudo de bom! Vc as domina! E elas sorriem versos nascidos das pontas de seus dedos mágicos. A nós, resta-nos apreciar a paisagem...

Adoro vc! :)
Beijinho de luz!

Ricardo Valente disse...

como se existisse uma poesia-soco. a literatura, nessas horas não importa. soca.
abraço

Anônimo disse...

...Nem quando não há verso, voce consegue fazer verso!
Lindo!
bjossssssss

Valéria lima disse...

Lindo, doido, abusado, como é a sua poesia, a sua criatividade.

BeijooO*

Pólen Radioativo disse...

Cris.linda,

A perfeição e provocação é de forma e sentido.
Fico aqui imaginando um monte de coisas (como são teus movimentos, tua voz, teu ritmo...)
Acho que essas coisas interferem significativamente na maneira do poeta compor seus versos.

Lindo!!!

Muitos beijos de carinho e admiração.

Unknown disse...

De onde vem tamanha inspiração?

Me deixas boquiaberta..

Beijo, dona da lira!

Úrsula Avner disse...

Oi linda, seus poemas e Dali, uma mistura pra lá de intensa, rica e bela... Bj com carinho.

Bessa disse...

Além de Dali, o daqui de teus versos. Poesia plurissêmica, a cada releitura novas descobertas. Gostei à bessa.

Homônimos
nos antônimos,
feminônimos
entre anônimos.


Meu abraço, minha dama.