sei-te num retrato
que inaugura pores-do-sol,
pequeno, gasto
como os olhos de um gato adormecido
na moldura chovem refúgios e castigos:
calafrios sustêm o andar
num esquecimento musical,
pedaços de vidro engolem a voz
numa sinfonia despovoada.
sei-te num retrato
que
imatura pores-do-sol
perdido, bardo
como os olhos de um gato amanhecido
na mensura trovem respingos e perigos:
arrepios sorvem o andar
num espaçamento
musical,
pedaços de vela encobrem a voz
numa sintonia desnorteada.
e enquanto
sorris,
com olhos negros e dentes brancos
e todos os encantos de lume e terra,
roubas-me os passos tortos
com que despia as flores.
algures entre a saudade e o lábio
aprendemos a morrer
na distância um do outro.
e enquanto sentis,
com olhos negros e dentes bastos
e todos os recantos de lira e esfera,
rouba-mes os passos tolos
com que desvia as flores.
algures entre a saudade e astrolábio
aprendemos a morar
na distância um do outro
(Cris de Souza & Jorge Pimenta)
22 comentários:
eis o oitavo. que olhar aponta ao infinito?
beijo imenso, parceira de cris-tal!
oito estrelas em sinfonia lírica que já tem marca registrada. a musicalidade e o lirismo da Cris de Souza com a genialidade em trabalhar palavras de Jorge Pimenta. e o resultado está aí, a deliciar-me os olhos a mastigar os versos para alimentar-me a alma.
beijo, Cris.
grande abraço, Jorge.
e(r)mo cio nada, também. muito tudo lindo.
bjo
Nossa! vou repetir um pouco do que escrevi lá no Viagens:
Tu e Jorge arrasam...provocam rebuliço nos pelos e uma agonia boa no peito...
Beijinho com admiração!
Dupla lírica, que conservem essa parceria de inundação poética!
Beijos,
Uma dupla para arrasar corações abandonados, adorei Cris e Jorge. Vocês formam um belíssimo par em versos. A ousadia de um e o canto solene do outro.
Beijos
Repetir o que já foi repetido tantas vezes seria maçante, mas é de ficar relendo até decorar. E "algures entre a saudade e o lábio
aprendemos a morrer
na distância um do outro." merece constar em todas antologias. Bjo e abraço.
Um belo trabalho com as palavras
que soa como canção
Parabéns Cris e Jorge: sedimentada a parceria!
Beijos aos dois
sempre que os leio
é como se juntassem
n'alma ossos e nas palavras
outro som como se estivesse
eu fora e vocês dentro
...
Beijo carinhoso,
Crisântemo.
Forte abraço, Jorge
grande poeta e amigo.
Cris, foi o oitavo, e espero que muitos outros venham ainda, para o nosso deleite.
:)
Beijão aos dois, e tenham um belíssimo final de semana.
Cid@
Cris,
essa parceria deu-se-nos altamente musical.
A sinfonia despovoada me arrepiou.
Abraços!
a poesia tem essas antenas que irradiam e se fazem captar além das geografias e dos mapas, me comovo, deliro e me alumbro em vários tons, há ainda os sóis e seus bemóis que se (im)põem,
abraço e beijo
"rouba-mes os passos tolos
com que desvia as flores"
***
roubar é sempre furtivo, é fazer com q o outro não perceba sua presença....a eterna presença a lhe observar...aqui os passos tolos, esses cambaleantes entre o jardim...que imagem mais poética, que jeito de dizer sem dizer...ufa, que diálogo bem dito.
À sintonia dos poetas
Em tons de duas gargantas
Que se acham sobre as cordas
E sopram a nós as músicas que cantam
E ao andar de nossas rodas
Um espaço sempre sobra das andanças
Para apreciar ao por-do-sol
Na verve que da pintura imóvel balança...
Grande poema!!! Abraço amigos do além-mar e espero que tenham gostado de meu poema pobre a poetas tão ricos.
Te encontrei em uma viagem sem luz e sombras... Adoro as poesias do amigo Jorge Pimenta e, com um toque seu, passei da adoração à fascinação... Linda dupla!!!
www.cronutopia.blogspot.com
Abraço!!!
Eu adorei!!!
Bjos p/ os dois ;)
Belas sonoridades neste teu poema-retrato, Cris. Meus parabéns!
Um bom domingo, abraços.
André
Cris
Como já disse ao Jorgíssimo. Eta parceria p'rá lá de bom. E as palavras se encaixam em tudo. No
lirismo e na musicalidade.
I love my brother
I love my sister too.
Beautifull.
Parceria mais perfeita, meninos. Nunca nos deixem sem ela. Poemas de tanto encanto, poemas a dois para todos que os admiram, só temos que agradecer.
Beijo beijo.
Ei, Cris,
moça, o título, o quadro, o vídeo e a parceira de vocês neste emocionante poema, muito, muito tocante.
e este verso:
"algures entre a saudade e o lábio
aprendemos a morrer
na distância um do outro."
são aqueles momentos em a dor da distância física é tão forte que parece morremos vivos e nada alivia, nem palavras, nem acordes, as lembranças e as saudades são como uma lâmina fervendo rasgando e queimando a pele e a carne, e vem o alívio quando somos enterrados para depois surgirmos novamente.
UM PARABÉNS ENCANTADOR
beijos grandes pra vocês
---- é evidente uma sintonia em ambos. Obra que retrata beleza e alma.
Parabenizo-os, pois lê-los a quatro mãos causa admiração, e enamoramento por parcerias. E, quão pleno é, não saber onde um começa e o outro termina. Isso é lindo demais em tempos atuais.
Abraços aos dois em um!
Priscila Cáliga
Registrando aqui o que registrei no blog do Jorge: uma perfeição tecida por vocês. Parabéns! ecos, palavras que combinam!
Bjo!
Cris,
Deixo aqui o que escrevi lá no blog do Jorge: a saudade faz bela sinfonia quando se deixa captar por olhares apurados como o de vocês! Belíssima sinfonia!
Reconheço a tua pauta preenchida pelas notas musicais do Jorge. Harmonia perfeita!
Bravo! Bravíssimo!
Bjão aos dois
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