(Tuca Zamagna)
Evoé! Tomada pelo espírito mirabolante reuni alguns poetas para confraternizarmos através de um “amigo oculto” . No caso, cada qual corresponde
a um heterônimo e os presentes são poemas girando em torno do tema “o circo “.
Resta agora cada um tentar adivinhar quem é quem e se revelarem
quando acharem que devem- nos comentários deixem seus palpites. Levanto
um brinde aos que embarcaram nessa arte e aproveito o embalo para desejar a
todos um feliz natal e um ano novo alegre e saltitante!
Cris de Souza
Participam dessa viagem : Adriana Araújo, Assis
Freitas, Celso Mendes, Cris de Souza,
Dani Carrara, Joelma Bittencourt, Jorge Pimenta, Lelena Terra Camargo, Luiza
Maciel Nogueira,
Marcantonio, Tania Regina Contreiras, Tuca Zamagna.
Fantasia circense para vocábulos saltitantes
(para Sel Salgadinho)
De
acrobacia
em
acrobacia
faz-se o
verso:
Ora
silente,
ora
colorido,
ora
folguedo.
Atiro
facas,
engulo
fogo,
E nas
labaredas
das
estrofes
Encontro
o
norte do
poema
(Eugenio
Sorel)
Palavra
equilibrista
(para
Fernando Farias Falta)
Pula
palavra
equilibrista
estende
as letras
sobre as
linhas
chama os
pingos
chama as
vírgulas
desses
verbos
sem
trapézio
domadores
de
ferragens
e de
frases
desse
circo
de ser
lona
ser afeto
e
ser
sina.
(Pão de
Mel)
Anjo Palhaço
(Para Mia Alari)
Procura um por um palhaço
Vá, procura urgentemente!
Mas não deixa pra amanhã
Pois agora é que é a hora
Amanhã já nem existe
E o que existe já foi embora
O que existe é a lembrança
Daquele sorriso largo
Daquele nariz vermelho
Daquele rosto pintado
Procura por um palhaço
Procura, procura já!
Veja o bem que te faria
Agitando as tuas asas
Recriando fantasias
Que no tempo de criança
Certamente perseguias
Quem sabe não sorririas
Quem sabe não brincarias
Quem sabe não pularias
Sem dar nem satisfação
Tivesses tu teu palhaço
Seria bem diferente
Pois um naco de alegria
Na rotina de teus dias
Tanto bem que te traria...
Um palhaço por teu anjo
Um palhaço por teu guia
(Pessoa Qualquer)
Grã Circo Virtuoso
(para Norma Magnani)
a
Contra a lona nublada
Do circo
Os saltos mortais do
trapezista
Cortavam o ar: relâmpagos,
Raios.
Era a grande atração,
E ele tanto amava a essência
Da vida
Que mandou retirar a rede
Nos ensaios.
b
O palhaço olha pra trás
E ri.
Olha pra frente
E chora.
No presente,
é maquiagem indiferente.
c
Um dia, o malabarista,
Com fúria ensandecida,
Atirou na platéia
Seus malabares:
Cansou de ser metáfora
Da vida.
d
Ah, a contorcionista
Sedutora!
Mostrava abertamente
Possíveis funções
Lascivas
Da sua arte motora...
e
O atirador de facas
Era poeta,
E vivia um dilema:
Com olhos vendados
Como dedicar poemas?
(Fernando Farias Falta)
Poema para equilibrista
em fio de voz
(para Pessoa Qualquer)
(para Pessoa Qualquer)
pé
ante
pé
o
poeta
cumpre o espetáculo da vida
intrepidamente
prudente
apruma-se no tempo
ele sabe
que na corda bamba do dia
poesia é arrebatamento
se angústia o faz tremer
ele para, respira
e acerta o verso
ele sabe
que na corda bamba do dia
poesia é compasso
de ponta a ponta
no poema
sente-se em segurança
ele sabe
que na corda bamba do dia
poesia é temperança
(Aira Angelina)
ante
pé
o
poeta
cumpre o espetáculo da vida
intrepidamente
prudente
apruma-se no tempo
ele sabe
que na corda bamba do dia
poesia é arrebatamento
se angústia o faz tremer
ele para, respira
e acerta o verso
ele sabe
que na corda bamba do dia
poesia é compasso
de ponta a ponta
no poema
sente-se em segurança
ele sabe
que na corda bamba do dia
poesia é temperança
(Aira Angelina)
O Fio
(para Helena Gato)
(para Helena Gato)
um canto de esquisitices
no peito da equilibrista
é abril. e o instante toca repetido.
os dentes vibram
caos de estrelas
é abril. e o instante toca repetido.
nos cílios
caleidoscópios
do respeitável público
e é abril. e o instante toca repetido.
(Norma Magnani)
Sobre a mágica incandescência da doçura
(para Pão de Mel)
A doçura é pão que se reparte
e não se gasta
Foge das bocas para alimentar
o silêncio e a palavra.
No cartaz de um sorriso, a luz
vem assim anunciada:
- E um circo de estrelas brilhará em noite próxima
Com bailarinas azuis e eufórica orquestra de grilos
Um espetáculo incandescente encherá o céu negro
Com picadeiro forrado de amores mais-que-perfeitos.
Todas as luas surgirão como
coelhos de uma cartola
De mãos dadas, em ciranda,
para o show de mágica
E um vaga-lume gigante ajudará
uma pequena fada
A distribuir risos pra quem
deixou a alegria em casa.
(Helena Gato)
Amor do Palhaço
(para Aira Angellina)
Nossos olhos se encontraram
Pelo rasgão da lona
E eu era aquela
Que sob a frouxa luz do camarim
Espreitada sua face intinerante
E buscava o exato instante
Em que o riso contrairia-se em dor.
Eu fui o amor
Do palhaço..
Amamo-nos por dois segundos
Pelas avenidas de uma lona rasgada
Tinturada com desbotados matizes.
Olhei-lhe de viés
E amei-lhe ao strip-tease
Que me revelou seu rosto.
Pelo rasgão da lona
E eu era aquela
Que sob a frouxa luz do camarim
Espreitada sua face intinerante
E buscava o exato instante
Em que o riso contrairia-se em dor.
Eu fui o amor
Do palhaço..
Amamo-nos por dois segundos
Pelas avenidas de uma lona rasgada
Tinturada com desbotados matizes.
Olhei-lhe de viés
E amei-lhe ao strip-tease
Que me revelou seu rosto.
(M. Koré)
O
contorcionista
(para M. Koré)
Eu serei o palhaço mais triste,
eis que foi bem assim que fui
do desconsolo mais profundo
(ante o espelho que te pariu)
ao
escárnio que não refletiste.
Já
fui mágico: assei as pombas
e da cartola tirei piolhos;
engolidor de espadas, pude
mastigá-las e degluti-las –
qual elefante, à própria tromba.
Agora, que no picadeiro
Tenho a ti muito mais que a mim
Para os riscos mortais sem rede
Serei o homem- bala-perdida
A alvejar-te, meu eu verdadeiro.
E farei das tripas malabares
pra
ver-te ao trapézio das nuvens
brancas
como as lonas do vento
que
te cobrem e me descobrem
na
platéia, por não me domares.
(Frank
Lentini)
O Circo
(para Frank Lentini)
olhaste por cima do ombro
e adivinhaste os nomes das cadeiras
na hora em que o sangue se torna mais rápido
e interrompe a linha negra que preenche o tempo.
é a hora.
esqueces a pele das palavras
e toda a vulgaridade da linguagem
sob a tela suja que sacode o orvalho
para debaixo dos pés.
música vozes aplausos
respiração suspensa,
gritos mudos,
suspiros vozeados,
aplausos
assobios
aplausos
embalados pela vida que inaugura instantes
os mesmos que esquecem
o frio da cama
o colchão sem molas
a frieza do chicote
ou a itinerância dos passos.
a ilusão
[não dessa que os poetas gastam nos seus versos,
mas da outra,
da verdadeira,
da que transforma o chão de vidros e ácido
em leite e pão],
a ilusão é sonâmbula.
são duas horas
um tempo que o relógio não contou
um tempo suspenso,
um tempo em que o mundo girou em torno das tuas mãos,
nesse erguer de pernas
naquele vómito de fogo
no salto acrobático sem rede,
por entre respiração incompletas
arremessos de risos
e disparos de gargalhadas.
São duas horas
que apagam a casa movediça
e escalam precipícios com as pontas dos dedos
enquanto a cabeça estoura entre os dentes das feras.
(Eurico Portugal)
Poetássaro
(para Eugenio Sorel)
o sorriso do palhaço
faz caminho onde a poesia mora
e as crianças riem soltas
quando dançam sob teus olhos
dançarinas atingem o brio
quando lançam cometas
em truques de mágica,
no teu verso equilibrista
em palavra contorcionista
de poema voador
faz caminho onde a poesia mora
e as crianças riem soltas
quando dançam sob teus olhos
dançarinas atingem o brio
quando lançam cometas
em truques de mágica,
no teu verso equilibrista
em palavra contorcionista
de poema voador
(Mia Alari)
Res-peitável Público
(para Eurico
Portugal)
a memória emotiva
motiva as vozes
do vernáculo:
o ser, um circo
sem fama ;
o seio, um
palhaço
sem dama ;
o sonho, um
espetáculo
sem trama ;
platéia de pernas pro
alto!
alto lá- um número
por vezes a sós
há de solar
assolar a arte
do esquecimento
em nós?
em nós?
(Sel Salgadinho)
(Chico Buarque de Hollanda/Pirueta- Os Saltimbancos Trapalhões)
39 comentários:
Cris, que bacana que ficou :)
Isso, sim, que é circo :)
Eu tenho um primeiro palpite.
O Fernando Farias Falta tem um batida Marcantonio. Tou longe, tou perto, ou caí do trapézio? rs
beijosssssssssssss
A essa altura, eu estou desconhecendo até a mim própria! rs Quem sou eu aí? hehehe Estou tentando descobrir quem é quem..."Acho" que descobri dois...Só acho, mas ainda não arrisco.
Fernando é o Marquinho e Lelena é a Mia...parece muito óbvio, mas o Eugenio Portugal não poderia ser o português, O jorginho...ou poderia? Ou seria a Cris? Sei lá...rsrs
Sorel tem uma batida Cris!!!!
Helena Gato tem um quê de Tânia e um quê de Luiza!!!
Tânia, acho que nesse telhado eu não sou a gata que mia rsrs
Bem, se a Lelena não é a Mia, estamos em acordo quanto ao Marcantonio, o Jorge e a cris? Cris é Sel Salgadinho, não é não, Cris?
E agora? Será que revelo se Capitu traiu ou não Bentinho? E a gente ainda acha que tem estilo! Bem, meus palpites: esse Frank Lentini tá com pinta de Tuca; Eurico Portugal deve ser o Jorge; Eugenio Sorel, deve ser o Assis; seria Helena Gato a Adriana? Pão de Mel lembra a Bípede; Norma Magnani seria a Dani? E a Cris, seria Sel Salgadinho ou Mia Alari? Mas e a Tânia, a Luiza ou o Celso?! Complicado...
É, a Sel Salgadinho, parece a Cris, Tânia... A Lelena é a Pão de Mel! Tenho certeza, rsrs
Respeitável público, eis uma seleção memorável!!!
Muita paz!!!!
De cert, temos:
Marcantonio, como FF
Jorginho, como Eugenio Portugal
Sel Salgadinho é a Cris,
e Lelena....pão de mel? Será?
Descobertos:
Marquinho - FF
Jorginho - Eurico Portugal
Sel Salgadinho - Cris
Lelena - Pão de Mel...
E o resto?
Eugenio Sorel é o Assis?
Divertido demais, Cris!
Adorei participar,mas desisto de descobrir meu escolhido e quem me escolheu...
vou esperar.
Revelo-me: M.Koré! Falta saber quem me tirou, acho que foi o Tuca! rs
ficou lindo
confesso que foi difícil escrever pra quem nem imaginava ser...e nem imagino, rsrs
Cris
Admiro o seu trabalho.
Da melancolia saem lindos poemas.Do virtual que sigo acho que Eurico Portugal é o Jorge Pimenta.
DESEJO UM FELIZ NATAL E PRÓSPERO ANO NOVO.
Evoé
Muito bacana, mesmo. Estilos diferentes sobre a mesma temática. Eu tô com a Tânia e mal me reconheço aí. Acho que Eurico Portugal tem toda pinta de Jorge Pimenta. A Tânia já se revelou.Eu desconfio de quem me presenteou, mas prefiro não me pronunciar ainda...
Cris, quem ganhou foi cada leitor que vem aqui, se deliciar com a magia do circo em poesia. Lindo! bjs
cris e demais artistas e espetadores do circo da lira,
este é mesmo um palco em que cada palavra desvenda novo número e imprevisíveis atores. sabes que, no meio de tantas piruetas, malabarismos e saltos sem rede, nem eu mesmo tenho a certeza de qual o meu texto... há, uma espécie de fusão de identidades, como se estivesse um pouco de cada um de nós em cada texto; mas, não é essa, afinal, a verdade maior do circo? o espetáculo não começa e fecha num só número, numa só mão; é da mescla do chicote com a rede, a gargalhada, o fogo, os pregos, o serrote, a cartola, o coelho... que construímos todo o espetáculo: dentro e fora da lona.
iniciativa brilhante!
beijo a ti e a todos quantos aqui atuam/atuaram.
p.s. fico a aguardar as revelações derradeiras, mas boa parte das suposições já desvelaram identidades. faltam as confirmações. :)
O meu palpite é:
Aira- Cris
Eugenio- Assis
Pão de mel- Lelena
Frank- Celso
Fernando- Marcantonio
Pessoa qualquer- Tuca
Mia- Adriana
NORMA- JOELMA
BEIJOS
Ah e Eurico- Jorge
Olá, amiga
Passei só para desejar um ótimo natal e um novo ano cheio de felicidade
Grande abraço
Runa
Assis está além do eu, aquém do outro, parece claro, rs,rs,
beijos
Bom... já sei que Tânia me presentou e eu presenteei o Celso...
Adorei os textos, a brincadeira entre poetas que admiro muito; adorei o presente que ganhei de Tânia, um poema romanesco do estilo que gosto de ler... Gostei de montão, Tânia... Valeu pela iniciativa louvável, Cris... beijinhos carinhosos nas duas.
E aos poetas que participaram, aproveito para manifestar o prazer de ter participado com vocês desta confraternização lírica, uma honra mesmo!
Boas Festas a todos e votos de outros tantos momentos como este.
Beijinhos!
Bem, agora já revelada, agradeço o belíssimo poema de Joelma Bittecourt a mim presenteado. Vou guardá-lo, como a todos aqui, mas esse é meu!!! rss (ah, e meu palpite inicial estava errado...)
Joelma, adorei saber que foi a você que direcionei meus versos! rs Também curti muito a brincadeira, fiquei tontinha sem saber, inicialmente, quem era quem, mas ainda não sei de muitos. Sei da Joelma, Do Marquinho, Do Assis, do Jorginho...E os outros? :-) Nem sei de quem ganhei os versos, mas acho que foi do Tuca, será que acertei? Parabéns, Cris, a ideia foi muito bacana e me diverti muito! Beijos
fiquei feliz com o presente que ganhei,
os versos do Marcantonio. (um abraço e um beijo)
e feliz de conhecer gente nova, a adriana e o celso, que comecei a seguir os blogs agora.
ainda não descobri pra quem escrevi
pra dar um abraço também
e um beijo
obrigado Luiza pelo poema, ficou bárbaro, um pássaro bárbaro
beijos
Cris, criaturinha doida, cadê a lista oficial do quem é quem? Eu tou boiando nesse céu de circo :)
beijosssssssssssss
Helena, minha Helena, quem é você, que me presenteou com a doçura que preciso nesses dias meio amargos?
Tânia,
Como você pode achar que quem te presenteou fui eu se você não sabe quem sou eu nesse circo?
Isso tá com cheiro de entregação...
Beijos, abraços e boa páscoa a todos!
Ah, então foi vc mesmo! :-)) Eu simplesmente adorei!!!! Li trilhões de vezes cada poema, buscando "vestígios" de estilo. Se foi realmente vc, fico muito feliz, porque meu poema me encantou!
Beijos,
Eu ameiiiiii essa confraternização, me diverti horrores! Ano que vem vamos repetir a dose, com a devida antecedência pra não ficar tanta gente boa de fora.
Eugênio, gênio das letras, adorei teu canto “soriano”.
Eurico, português precioso, cantar pra ti é honra.
Beijo a todos!
Observaçãozinha: desculpe o sumiço, esses dias festivos tem sido uma correria.
Atendendo a pedidos, eis o gabarito:
Marcantonio- Fernando Farias Falta
Celso Mendes- Pessoa Qualquer
Dani Carrara- Norma Magnani
Joelma Bittencourt- Aira Angelina
Assis Freitas- Eugenio Sorel
Tania Regina Contreiras – M. Koré
Luiza Maciel Nogueira – Mia Alari
Lelena Terra Camargo – Pão de Mel
Tuca Zamagna – Frank Lentini
Adriana Araujo – Helena Gato
Cris de Souza – Sel Salgadinho
Jorge Pimenta- Eurico Portugal
Valeu moçada!!!
um abraço a todos, poetas circenses; um abraço especial à cris, pela notável iniciativa e também por ter feito de mim parte de um público res-peitável :)
Saudações!!!!!
Cris, um verdadeiro espetáculo!
é de muito admirar a criatividade e imaginação
palmas, palmas, bravos e bravos, flores e flores
PARABÉNS!!!! aos montes
beijos, moça bonita, pra você e pra todas e todos nesta bela apresentação
e um 2012 repleto
Cris!
Imagino como deve ter sido bom!
Só de ler, valeu a pena!
Vim desejar à você menina linda, um amo movo cheio de alegria, PAZ E POESIA!
Beijos
Mirze
Obrigado, Jorge, pelo belo poems!
A brincadeira foi divertidíssima. Bem que podíamos repetir a dose antes do próximo natal, Cris.
Que tal, por exemplo, na páscoa? Tipo Coelho da Cartola... ou Ovo Entalado!
Beijos
Cris,
muito legal a ideia.
feliz 2-12!
eu voto em um amigo secreto de carnaval!! kkkk beijos e obrigada ao Celso e a Cris! beijos
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