Viro a página do diário, pra contestar a síntese, o signo, o súmário. O alarde se aviva na medida que releio essa vida sentida. Toco o indevido, o impreciso, o improviso que se sustenta nos intervalos das mortes lentas. Pra deparar ensaios, nos quais o âmago se angustia perante ao sentido do silêncio que sibila - digno de gritos homéricos- deturpando cênicos impropérios. Pulsa nas farsas, nas faltas, nas falhas - sem dalhas - onde tropeço num contexto complexo, calçando meu latim sem nome, sem nexo, sem sexo. Por algum conto absurdo das verdades - em desuso - constatando o puro das mentiras gastas . A voz farta, dá partida as partículas de hiatos sonoros, desde já tão simplórios - quanto o vento sul - ecoando sem norte no tempo inlócume de sorte. O alvo intimista das tintas incide negro nas cavas, no coro, na cúpula das vistas amputadas. As memórias, as máximas, os moinhos sublinham rudes desalinhos, devastando o eixo das reticências de cair o queixo... No ponto remoto, se apressa o foco, o furo, a foice inócula, que faz jus a toda loucura que sobrevive à lógica , dentro do ser que insiste em reler às escuras, mas que no fundo da órbita, percebe toda a clareza inóspita.
(Cris de Souza)
24 comentários:
Realmente uma jogo de xadrés feito com palavras-facas, cegas-palavras , onde o olhar e os sentidos são só bengalas para uma caminhada sem rumo certo , a não ser só a emoção e o dessasodego do letargo mental...é bom acordar , ainda que seja com uma poesiabomba!
Parabens mais uma vez...amputado de tantos estilhaços teus!!
Quem mais, senão você, tem o poder de transformar as palavras em pura magia, encanto, que nos faz voar ao sabor dos ventos, como seres alados e alcançar alturas inimagináveis?
Só você mesma, minha Ingá.
Beijos, com sabor de frutas vermelhas...
A noite já chegou. A Lua toda perfumada vem espargir seu perfume; mesmo à distância este perfume chega tão perto!... Irei descansar à luz da Lua toda feliz. Se o Sol não fosse muito quente, talvez, eu poderia tomar a sua personalidade, mas acima dele está Zeus com suas ordens inaceitáveis! É uma grande pena! Entretanto inda espero o Edredon Lunar.
admirável o ritmo, a voragem das sensações que se servem das palavras como detritos não recicláveis, os trocadilhos e os andarilhos (até sarilhos), o trem que cavalga as planícies embalado pela garganta que cospe o fogo, o dragão, e o príncipe... está lá tudo. está tudo aí, nesse teu texto. belíssimo!
um beijo, cris!
Poucos têm esse dom de ampliar visão, resumindo-a em palavras. Gostei da sua aqui! ;)
Beijos.
Indescritível! Quantas sensações estão envolvidas nessas palavras. Você Cris, é um trem de doido!!! Te adoro!
As palavras serpenteiam, sibilam sílabas, meus olhos descarrilam neste zigue-zague. Entorpece, entontece, mas eis a seara. grande abraço
Oi Cris, sua escrita é profunda, reflexiva, bela... É sempre um prazer imenso aportar por aqui ainda que por alguns minutos... Bj com carinho e admiraçao.
Outra vez e como sempre, identifico-me nas vírgulas dessas linhas. Incrível... leio-te e ao mesmo tempo, desembrulho-me completamente, involuntariamente e descubro outra pessoa no meu espelho .
Preciso disso, de tempo em tempos !!
Beijar-te-ia agora, se pudesse ! *_*
Tu és a própria poesia encarnada!
Impecável!!!
Uma das coisas mais divinas, que li em toda minha existência...
Beijos e flores, dona da lira.
Você brinca de aliteração com muito charme!!!!
BeijooO'
nos desvarios da mente, percebe-se o sentido a seguir quando não temos qualquer outra saída que não a porta que se fechou atrás de nós.
Olá olá!
Quando puder, dê uma passada no meu blog, deixei-lhe um presente lá ^^
Bjos!
Cris,
Li e reli...sempre lindo tudo o que escreve com a perfeição que somente Deus pode te oferecer...grata por compartilhar com todos esses momentos de pura magia.
Um grande beijo,
Reggina Moon
Oi, Cris! Tudo bem contigo?
Passando para por a leitura em dia... pq não dá pra não ler-te, né?
"Toco o indevido, o impreciso, o improviso que se sustenta nos intervalos das mortes lentas."
Perfeito isso! Parabéns!
Beijos e tenha uma linda semana, viu?
sssssssssssssssssssilêncio no claro escuro da verve poética de tamanha prosa.
Sigo!
É sempre um doce pazer ler vc querida!!!
Beijosss
AL
Passei na sua comunidade e gostei muito. Vou navegar por este trem da lira, encontrar mais lindas palavras.
as palavras calam frente ao fato
de que a poesia de Cris de Souza
faz a alma senti mesmo sem que
se entenda, eu sou um louco
e me sinto voando, pois o trem
da lira voa.
erick black
A gente lê e relê... e sempre se encanta com a magia das palavras.
Você realmente é uma deusa da poesia.!
Te admiro e amo tuas escritas!
Passei de novo por aqui para te deixar o meu novo endereço de blog. Espero que goste e siga minhas postagens. Beijos.
http://senhoritam.wordpress.com/
" O improviso que se sustenta nos intervalos das mortes lentas." Penso que tú és uma obra prima!
Uma coerência textual maravilhosa. Não se perde o ritmo ao ler um texto tão bem estruturado, tanto nas palavras quanto no sentido delas.
Cris, cada vez que leio seus escritos mais fico bobo pela sua desenvoltura na criação deles.
Um grandioso abraço.
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