sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Epifania

(Salvador Dali, Angústia)


o manuscrito da epifania
morre,
lentamente,
na noite que o escreveu.

a tinta:
seca
nos degraus da árvore;
o dizer:
cego
no glossário do teu olhar.

o meteorito da epifania
mata,
loucamente,
na noite que o esqueceu.

o tempo:
servo
nas dobras da árvore;
o desler:
centro
na galáxia do teu olhar.

(Cris de Souza & Jorge Pimenta)



Jessica yeh, sad violin

31 comentários:

Jorge Pimenta disse...

querida amiga-poeta,
nenhum comentário; apenas dizer-te que sinto a presença de um duplo espelho girando sobre um mesmo eixo: a poesia.
a maior epifania foi, num dia sem memória, o trem ter parado num qualquer porto de viagens sem destino e, complementarmente, o marinheiro ter trocado o tombadilho pelos carris. a du(r)as mãos!
um beijo, cris.tal fino e delicado!

Cris de Souza disse...

Compor contigo é refresco em pleno refúgio, um gosto incondicional.
Sinto-me renovada nesse entrelace, tu és um parceiro e tanto...

Uma porção de beijos cris-tais!

Canteiro Pessoal disse...

Cris e Jorge, as línguas tocam o céu para núncio em passos nobre e arrebatador, do dois em um.

O alfa
e o ômega
dos termos
luz em diálogos.
Verbo sobre o broto
na tinta que se fecunda.

Abraços aves raras.

Priscila Cáliga

Úrsula Avner disse...

Olá querida poetisa,

bela composição poética, tão arrebatadora quanto a tela de Dali... Bj com carinho.

Andrea de Godoy Neto disse...

queridos, a parceria de vocês sempre me impressiona, tal a afinidade das palavras, dos versos que feito elos se entrelaçam.
Confesso que a poesia de vocês, individualmente, alimenta minha alma como um nectar sagrado - cada qual com sua particularidade.
E em dupla, misturam-se as mãos tecelãs de encantos...a mim, só cabe aplaudir!

beijos

Unknown disse...

repito aqui os elogios a parceria tua e do Jorge, sinfonica, avalanche de sons nas mãos,

beijo

Unknown disse...

Impressionante o grau de afinidade de vocês, fusão que embriaga qualquer mortal.
Só podia dar nisso: licor dos deuses!

Beijos entontecidos, na dupla divina.

Marcantonio disse...

O meteorito dessa epifania é amálgama de céu e terra, de concretude e ilusão, de virtualidade e realidade. O olhar fala por estrelas mudas, ou se cala no centro da galáxia eloquente e em fuga. E a poesia se eleva pelos degraus e dobras das imagens.
Aliás, "manuscrito da epifania" é uma imagem ótima para definir todo e qualquer poema, esse transe ao fim do qual alguma coisa se perde louca ou lentamente.

Parabéns aos dois!

Um beijo, Cris.

Anônimo disse...

Como é bom viajar neste trem.

Tatá R. da S. disse...

Profundo, lindo e tocante, como vc, né. ^^

Márcia de Albuquerque Alves disse...

Cris e Jorge... vocês são harmônicos, constroem sentimentos e sensações em poesia. E o que dizer? nada... apenas sentir, apreciar a sensação das palavras.
Perfeito! bjs

Cida disse...

Parabéns menina!

Faça uma viagem e veja meu comentário completo no blog do Jorge.

Deus te abençoe e conserve esse dom.

Beijinhos

Cid@

Anônimo disse...

Os dizeres de vcs cegam-me, viro toda sentir.

Beijos.

Machado de Carlos disse...

Este poema epifania me faz raciocinar sobre o filme interpretado por Denzel Washington, “O Livro de Eli”. Um livro que se mantinha vivo, apesar dos fins dos tempos. Para resguardar o conteúdo do livro divino, o mesmo foi escrito num linguajar Braille. Uma emoção marcando o reinício de um mundo novo.
Curvo-me diante deste poema, muito bem planejado em duplicidade, com o outro autor Jorge Pimenta.
Congratulações aos autores do poema!

Unknown disse...

" Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas da roda.
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda.
Que se chama o coração."

(Fernando Pessoa)

Unknown disse...

Em tempo, o vídeo fechou com chave de ouro, o nobre dueto.

Emocionante!

Obs:Saudade de ti, dona da lira.

Machado de Carlos disse...

“Jessica yeh, sad violin” — Um violino, cuja música muito bem interpretada nos leva ao infinito estelar. É um sonho que não tem começo e nem fim. O violino nos leva ao Espaço Sideral, como se fôssemos Anjos. Ao acordar, notamos que nossa mente indo voa, mas os pés continuam a cambalear.
Belíssima escolha!

Anônimo disse...

Aqui, tem poeta de verdade!
Que lindo!
bjossssssss

Juan Moravagine Carneiro disse...

que bela parceria

parabéns!

Domingos Barroso disse...

A eternidade também se faz
(e se refaz) em pares de mãos.

E epifania regozija-se
por isso.

Carinhosos abraços.

Daniela Delias disse...

"Glossário do teu olhar", "Galáxia do teu olhar"...Cris, meteoritos passaram por aqui! Bjos para os dois, lindos versos...

A.S. disse...

Cris...

Um belo poema! Intenso e com uma linda experssão poética!
Dali... uma combinação perfeita...


BjO´ss
AL

Pólen Radioativo disse...

Olá,

Que bom pegar o Trem e continuar a Viagem da Epifania...

Muito prazer!!!

Beijos...

Sonia Parmigiano disse...

Querida poetisa,

Maravilhoso Dueto, Parabéns!!

.../
o tempo:
servo
nas dobras da árvore;
o desler:
centro
na galáxia do teu olhar.

Beijos e uma boa semana!

Reggina Moon

Al Reiffer disse...

Um uso inteligente e expressivo das palavras,ótima combinação de sons e significados!

Valéria lima disse...

Cris,
Sempre me surpreendo!
Palavras mais que precisas, palavras sentimentos.

BeijooO*

Pedro Melo disse...

epifania me parece a união destas forças que revelaram uma tão linda poesia.
Bravo! Grande quadro do imortal Dali, e com certeza uma inspiração de poetas que o fazem ainda melhor de se enxergar com a alma.

Fé Fraga disse...

Linda Epifania Cris,arrepiei.
Parabéns amo seus textos e ótima o duo com Jorge Pimenta.
Um beijo,
Fé Fraga.
http://mefaltaumpedacoteu.blogspot.com

Fabricante de Sonhos disse...

Linda poesia.
Um carinho na alma...
Peculiar

Beijos mágicos!
Fabricante de Sonhos
(Twitter: @millaborges)

Marcelo Novaes disse...

Cris e Jorge,




Contei os anéis da árvore: a escrita é ancestral. Se a noite os ajudou a transcrevê-la, tanto melhor!








Abraços.

Paulo Rogério disse...

Cris, é admirável essa parceria e cumplicidade de versos. O tempo nas dobras da árvore... que maravilhoso!
Beijo!