(much, el grito)
a tarde começou a chover
no mecanismo arcaico
da minha meteorologia.
sento-me com o livro nas mãos
à espera de que o mar ferva
na ejaculação das flores.
assim se faz a história:
falecem os homens
renascem as árvores.
que se inspire na sua seiva
todo o rubor das nossas palavras.
a tarde começou a chover
no metaforismo prosaico
da minha meteorologia.
sento-me com o lenço nas mãos
à espera de que o meio ferva
na elucidação das flores
assim se faz a memória:
enlouquecem os homens
esclarecem as árvores.
que se inspire na sua selva
todo o rumor das nossas palavras.
(vivaldi, winter I)
18 comentários:
De cara já tem o mérito de ser escrito a quatro mãos, não bastasse isso vocês ainda capricham! Muito bom!
Gostei muito das duas primeiras estrofes, mas todo o poema está muito bom, revelando a feliz Ins(piração) de quem o escreveu. Parabéns aos dois.
Bom fds
Runa
A memória é feita de farpas e flores.
que baloucem mais piruetas neste duo de versos ins/piradíssimos,
abraço e beijo
Não tenho como expressar
o belo sentimento que explode
quando vocês [duas em uma só alma]
tangem e invadem o meu silêncio
...
Forte abraço, grande poeta.
Beijo carinhoso, incrível poetisa.
Carpe Diem!
Acabei de ler essas deliciosas palavras no Jorge e me encantei!!!
Deliciosa parceria!!!
Beijos
"assim se faz a memória:
enlouquecem os homens
esclarecem as árvores.
que se inspire na sua selva
todo o rumor das nossas palavras."
O que pode haver por trás de cada palavra, minha fada, está sempre nas possibilidades daquele que a lê.
Teus versos são clarividentes. Não há imagem melhor que a de uma selva para expressar a riqueza e a loucura que é nossa memória. E como tudo isso interfere em nossas leituras da poesia, do mundo, de nós mesmos, né?!
Amei!!!
Beijos e cheiros loucos de saudade.
nenhum ser pensante resiste ao intimismo dos livros. apesar dos renques numerosos de árvores, a madeira que os alicerça é única sob as mãos depositárias de quem os manuseia. e sobre os livros e as gentes, caem chuvas, não as da meteorologia dos deuses (aquela determinista que a todos agarra por igual), mas as da meteorologia dos homens, que são pessoais, egoístas, refratárias. só elas sabem lavar os ossos que resistiram ao ácido dos fins de tarde cinzentos e chuvosos.
beijinho, amiga de cris.tal!
Poema singular, profundo e belo minha linda... Uma pirada inspiração... Também fiz um poema com este mesmo título e já postei há um tempo atrás. É muito gostoso vivenciar essas pirações na poesia... Bj.
belíssimo reverberar das palavras nos olhos.
Beijos
Ganho o dia quando leio vcs dois juntos.
Grande beijo!
Olá,td bem?
Belo poema, perfeita mistura de palavras.
Bjs!
Como vocês estavam Ins(pirados)!
Já disse para o Jorge, e repito pra você: vocês dois juntos, chega a ser covardia!...:)
E que venha mais, queridos amigos poetas.
Beijo grande
Cid@
Um dos mais belos textos seus que já li, amiga poetisa, se bem que tenha sido escrito a quatro mãos. Parabéns a ambos os poetas!
E a tela de Munch ilustra sobremaneira bem o poema.
Um belo dia, beijos e muita inspiração.
André
Se o que faz já é bom no singular, imagine no plural! Abraço. Continuem.
O Grito. Uma imagem e um vídeo! Tudo casa com o poema!
A União das artes. Puro sentimento!...Lembrando ainda a bela união entre os escritores de grande naipe.
Cris,
altamente, você e Jorge, ins piradíssimos
dos que já li das parcerias de vocês, é dos melhores
in dentro
pira fogo
ação
íssimos
e este final
'que se inspire na sua selva
todo o rumor das nossas palavras."
Saravá!
beijos, querida
e parabéns e beijos pra vocês
Esta maravilha já tinha lido no blog do Jorge Pimenta. Reafirmo o que lá falei:
num metaforismo nada prosaico, uma pseudo-simetria de estrofes escritas por dois excepcionais escritores. A beleza das figuras, a sonoridade, as sutis mudanças das pseudo-repetições, o todo e cada verso levaram-me ao encantamento. quem aprecia poesia agradece.
Beijo!
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