terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Elegias

 (Marcantonio, série melancolia)


Canto sem parecer    


há na melancolia
um ponteiro 
de alarmar?

o tempo 
parece que ensina 
a quem desaprendeu  
a contar 

há na melancolia
um perigo 
de abafar?  

o tempo 
parece que incita
a quem desaprendeu
a chorar
  




(Marcantonio, série melancolia)




Monstruosa madrugada


dou voltas pela casa
casa envolta em sono

mas que acorda
um monstro 
 mais que a corda
em meu pescoço





 (Marcantonio, série melancolia)



Haicai acordado


no correr da insônia
sonâmbula é a sombra
                  dos meus dedos



(Cris de Souza)

19 comentários:

Adriana Riess Karnal disse...

Cris,
você me surpreende com essa poesia intimista, eu, que "quase" desaprendi a chorar

Marcantonio disse...

Olha, qualquer elogio é pouco para essas elegias. Surpreende o tema da melancolia, já que a sua poesia, sempre cheia de vitalidade, não tende às zonas de pesadas sombras.
Mas esse Monstruosa Madrugada é incrível, estranha cantiga de adormecer a angústia que evoca como que um mostro da cara preta. Bom demais! E a imagem aí ficou perfeitamente ajustada.
Na verdade, achei coincidências muitas entre os poemas e as imagens, tempo, monstro, sombras, dedos. E só tenho a agradecer a oportunidade das imagens confabularem com seus poemas.

Beijo, Cris.

S. disse...

Cris, a noite é boa companhia?
Beijos S. de Stanick

Unknown disse...

elegias quase nênias,


beijo

Anônimo disse...

lírica
onírica
ao mesmo tempo


Barbara.

Celso Mendes disse...

elegias, alegorias, imagens, ritmo, concisão, precisão.

lindos, moça da lira do trem.

beijo.

Kelli Olmo disse...

Assim você me espanta... Os poemas e as imagens parecem que casaram direitinho. Sou fã de carteirinha!

Beijos Cris-tal e um abraço no Marcantonio.

Kelli Olmo disse...

Podia ter colocado um pink floyd de fundo...

dani carrara disse...

o que são elegias?

essas que nada significam
deixaram um gosto de cinza na língua
alguma morte padrão

- a melancolia silenciou as cores na tela.

Um pouco de mim Rosi Alves disse...

Que lindo apaixonei por esse blog...

Na melancolia dos meus versos
Reversa metade dramas
A outra metade amor.
(Rosi Alves)

Beijos bom final de semana

Tania regina Contreiras disse...

Ando em atraso com as visitas aos blogues. E, sim, a encontro, ineditamente, percorrendo outros territórios. Gosto de conhecer as inúmeras faces de um (a) poeta...
Beijos, Cris

Unknown disse...

LINDO!!!!!

Cris! Sua poesia-elegia e as fotos do Marcantonio, fez-me sentir viva.

Belo demais!

Beijos

Mirze

Fred Caju disse...

Sem parecer, sem perecer. Demais essa dupla.

Jorge Pimenta disse...

querida amiga,
mesmo em tons de cinza, há tanta trans.lucidez no teu cristal! bela conjugação da tua arte imensa com a do marcantónio.
um abraço a ambos!

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Minha querida

Em tons de melancolia...aconteceu poesia.

Deixo um beijinho com carinho
Sonhadora

cirandeira disse...

Dizem que a noite é uma criança, e,
como tal nos faz perguntas muitas
vezes embaraçosas e até sem respostas!, e que os poetas têm a
alma de criança: durante a noite
podem vislumbrar a luz da lua, ver estrelas ou apenas apreender o que
há no escuro - sombras, a impalpabilidade dos seres e das coisas em redor. Uma noite insone
pode provocar angústias e medos,mas
não para a poeta, que consegue fazer indagações para que surjam
novas manhãs!

beijos

Márcia de Albuquerque Alves disse...

Como sempre, instigante!

Nilson Barcelli disse...

Excelentes poemas.
Um Feliz Natal e um Novo Ano cheio de coisas boas, para ti e para a tua família.
Muitas prendas, principalmente afectivas.
Beijo.

Tatuagem disse...

Belas obras!

Abraço!