terça-feira, 26 de junho de 2012

Três poemas à moda do leitor

(René Magritte)



LATIM DE LONGA DATA


feito um romance
que ficasse em aberto            
e perto do peito
desperto

feito um romance
que ficasse em aperto           
e parte do peito
deserto

por ser lento por dentro:
sem  temer desde cedo?

por se lido por dentro:
sem temer o desfecho?



ERA OUTRA VEZ NO MEIO


pelo andar
da carruagem
a paisagem
parece abóbora

embora o sapo
que pensa ser príncipe
(não perca a hora)
conte outra história...



PALAVRÃO


narra dor
marca passo
na palavra

palavra
da boca
pra fora
mancada

palavra
da boca
pra dentro
marcada

palavra
que o peito
no meio
dispara

palavra
desde a  página
virada
desde a pá virada

pela palavra leitor.


(Cris de Souza)

14 comentários:

Unknown disse...

à moda da casa, pois, pois
palavras temperadas e recheadas, um coser ou cozer, o leitor decide,


beijo

Fred Caju disse...

Demais esse primeiro, sem desmerecer os demais.

Daniela Delias disse...

Cris, só o nome do primeiro poema já é um espanto de lindo.

Amei...

Bjo, poeta querida!

Unknown disse...

O segundo poema é realmente incrível!

Luiza Maciel Nogueira disse...

Demais Cris, é sempre um delírio te ler :) bjo.

há palavra disse...

Dentro do peito o livro é ainda mais.

Lindo poema!

Abs., bons caminhos...

Márcia de Albuquerque Alves disse...

O terceiro, amei! lindos!

Anônimo disse...

Sua palavra sempre marca ponto, romanceada, atira-se sem temer. Como gosto disso!

Ótimos, todos os três.

Beijo.

Barbara disse...

gostei de tudo mas o primeiro....
das coisas que ficam à espreita, fantasmas dentro do peito como purpurinas e no entanto talvez
1 plasma - gosma que causa tosse se expelido e bronquite aguda da alma se não expelido

plasma gosma do sapo que não sabe pular em pedras -
Cris, você é meu LSD - na boa.

Joelma B. disse...

I
como sou atrevida e me faço passageira assídua deste trem, me permiti ler o primeiro texto assim:

LATIM DE LONGA DATA

[este poema não fecho]
feito um romance
que ficasse em aberto
e perto do peito
desperto

por ser lento por dentro:
sem temer desde cedo?

[neste poema não mexo]
feito um romance
que ficasse em aperto
e parte do peito
deserto

por se lido por dentro:
sem temer o desfecho?

assim,digo que tua condução deixa a via da leitura repleta de cruzamentos... desse modo, se torna uma aventura e tanto viajar por aqui!

II
conto outra história, sim... desde que me sirva algo melhor pra beber que cajuína...rs!!

III
Ameeeiii!!!
o bom poeta é aquele que lê melhor que escreve, hum!?


Beijinho, Cristigresesfinge!!

Ira Buscacio disse...

Sabes que imagem me vem a cabeça quando te leio?
Um exímio malabarista... jogando pro céu e amparando as palavras que caem, sempre perfeitas, nas mãos.
Bj imenso, Cris

Jorge Pimenta disse...

são assim as palavras maiores: palavrões. as tuas: imensas. mesmo sem narrador há uma dor que se narra.
beijos, cris!

Elisa T. Campos disse...

Como um mágico
embaralhando cartas
vai descartando palavras
e depois de um enfoque magistral
mais uma letra,mais outra, um toque final.

Domingos Barroso disse...

a tua grandiosidade poética ainda me salva
e basta retornar ao teu trem

para que eu sorria
além e bem próximo
...


beijo carinhoso,
Crisântemo.