quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Partitura

Arte:  Brooke Shaden


I.
Toco tua voz velada
Para vibrar o destino
De meus versos insones
Frequentando teu nome
Em silêncio

Toco tua voz violada
Para virar o desvio
De meus versos em pane
Formigando teu nome
Em suspenso

II.
Na porosidade da harmonia
Os ruídos de entrelinhas
Provocam as mãos da memória
 

Na pluralidade da heresia
Os rugidos entre as linhas
 
Povoam os vãos da história

III
A singularidade absurda
Entoa entre os desnudos néons
Da moradia encoberta
 

A sonoridade aguda
Ecoa entre os mudos tons
Da melodia entreaberta
 

(Cris de Souza)


9 comentários:

JAIRCLOPES disse...

Limerique

Uma poeta dizendo a que vinha
Igual a fada, na mão a varinha
Com mágico toque
Causa entrechoque
Dando recado nas entrelinhas.

Tania regina Contreiras disse...


Gostei, maquinista!!! Fiquei a pensar nas mãos da memória e em outras histórias que afloram nas entrelinhas dos teus versos!

Beijão!

Ira Buscacio disse...

tua cabeça faz mágica e a poesia acontece espantando os olhos da gente
eu não me canso de gostar
bj grande, Crikérrima das liras fodásticas

Unknown disse...

voz que vela melodia e harmonia contendo toda a febre táctil do nome: a tua, cris, sempre e invariavelmente a tal. é aqui que o mel se tece com mãos e fogo, por isso ardo, por isso me quedo.

beijos de readmiração em eco. sempre!

Joelma B. disse...

partialtura!

a lira em harmonia com os súbitos!

beijos,Cristalina!!

Unknown disse...

que fôlego, uau



beijo

João A. Quadrado disse...


[o lugar

o mais difícil equilibrar do silêncio; o olhar a palavra,
gravado sulco na superfície, palavra adentro.]

um abraço, Cris

Lb

Thuan Carvalho disse...

esplêndido.

seu jogo de palavras, como sempre ;)

deu vontade de ler um livro de história, sobre a inquisição, porque eu tenho certeza de que ouvi os gritos heréticos das entrelinhas...

José Carlos Sant Anna disse...

Este poema, Cris, é um presente para os seus leitores. Suscitado pela sua materialidade dele, aqui me incluo, pois nele se percebe a força do poeta e a sua preocupação lexical, pois é esta que alimenta a sua poesia.
Aqui o leitor, além de se descobrir, apreende a procura por um saber sempre perseguido e nunca plenamente alcançado, afinal “tocar a voz velada”, é a própria essência da poesia.
beijos, caríssima!